TRABALHO DOCENTE CERCADO POR CIRCUNSTÂNCIAS QUE SÃO FONTES DE ADOECIMENTO

Paula Adriana de Matos Freitas, Marluce Souza e Silva

Resumo


Considerando o atual contexto sócio político brasileiro, este artigo apresenta elementos que permitem refletir sobre o trabalho docente nas instituições federais de ensino e apresenta fundamentos teóricos e empíricos que confirmam a hipótese de que os servidores públicos da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT atravessam período de sofrimento com a sobrecarga de trabalho, com a competitividade vaidosa entre os “pares”, com a desvalorização e a desorganização de suas atividades laborais. A violência estabelecida entre tais trabalhadores é percebida não apenas pelos depoimentos de docentes, mas também pelos registros disponibilizados pela instituição, em sua home page, onde estão relacionados os Processos Administrativos e os Inquéritos Investigativos instaurados para apurar fatos que envolvem servidores e discentes da instituição. Aponta que o Burnout pode ser o responsável pelo processo de adoecimento dos docentes e pelos prejuízos causados ao ensino superior, pois elementos sinalizam para o esgotamento emocional do professor, para a sua despersonalização e, paradoxalmente, para uma sobrecarga horária de trabalho versus baixo envolvimento nas atividades. É inegável a hipótese de que o trabalho docente esta cercado por circunstâncias que são fontes de adoecimento.

 

Palavras-chave


Trabalho docente. Adoecimento. Violência.

Texto completo:

PDF

Referências


ABRAMIDES, C. B. M; CABRAL, R. S. D. M. Regime de acumulação flexível e saúde do trabalhador. In: São Paulo em Perspectiva. São Paulo, vol.17 no. 1,  Jan./Mar. 2003. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392003000100002 > Acesso em: 20 nov. 2015.

ARROYO, Miguel. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis/ RJ: Vozes, 2004.

ANDRÉ, Marli. O papel da pesquisa na articulação entre saber e prática docente. ln: Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Goiânia: 1994.

BERALDO, Tânia Maria Lima. Formação de docentes que atuam na Educação Superior, In: Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 18, nº 36 jan. abril 2009, EdUFMT, p. 71 a 88.

CODO, W. (Org.). Educação: Carinho e Trabalho. Burnout, a síndrome da desistência do educador, que pode levar a falência da educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

CUNHA, Maria Isabel (Org.) & Leite Carlinda. Reflexões e Práticas em Pedagogia Universitária. Campinas, SP: Papirus, 2007. Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico.

DOMINGUES JUNIOR, L. R. P. O Processo Saúde – doença no Serviço Público e suas Conseqüências ao Estado, ao cidadão e ao Servidor. In: 3ª. Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador – Coletânea de Texto. 2005, p. 116. Disponível em: < https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjinsfItdTJAhUMGJAKHRs7CUcQFggcMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.saude.sc.gov.br%2FSaudeTrabalhador%2Fconferencia_estadual%2Ftextos_apoio%2FCaderno_de_Textos_20_06_05_v1.doc&usg=AFQjCNGocuNcW4n0l4Hyl0v3FWEeU0BgOg&sig2=-ww47-dGi4D_UMXp1wTvkg&bvm=bv.109395566,d.Y2I&cad=rja >. Acesso em: 23 set. 2015.

FIDALGO, Fernando; OLIVEIRA, Maria Auxiliadora M; ROCHA, Nara Luciene (orgs). A intensificação do trabalho docente: tecnólogas e produtividade. Campinas, SP: Papirus, 2009.

FERREIRA, M. C.; MENDES, A. M. Só de pensar em vir trabalhar, já fico de mau humor”: atividade de atendimento ao público e prazer-sofrimento no trabalho. In: Estudos de Psicologia 2001, 6(1), 93-104. Universidade de Brasília, 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/epsic/v6n1/5336.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2015.

GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. Porto Alegre: Bookman, 1998.

KNAPIK, Janete. Administração Geral e de Recursos Humanos. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2005.

KUENZER, Acácia Z.; CALDAS, Andrea: Trabalho docente: comprometimento e desistência. In: FIDALGO, Fernando, OLIVEIRA, Maria Auxiliadora M., FIDALGO, Nara Luciene Rocha (Orgs): A Intensificação do Trabalho Docente: tecnologias e produtividades. Campinas, SP: Papirus, 2009.

KUENZER, A. Z. Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros, professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho. In: Trabalho, educação e saúde. Rio de Janeiro, v.2, n. 1, p. 107-119, mar. 2004.

LESBAUPIN, Ivo. O governo Lula: O governo neoliberal que deu certo? Disponível em:< http://www.gritodosexcluidos.com.br/documentos/20_governoLula_reeleicao.pdf >. Acesso em: 24 jan.2007.

LISBOA, Carla. Reuni expande a precarização nas universidades. GRAEFF, Billy. (depoimento) In: Dossiê Nacional 3 – publicação especial do ANDES – SN, Brasília-DF, 2013, p. 16.

LADEIRA, Bronzo Marcelo. O processo do stress ocupacional e a psicopatologia do trabalho. In: Revista de Administração. São Paulo, v.31, n.1, p. 64-74, jan/mar. 1996.

LEMOS, Denize. Trabalho Docente: Alienação ou Emancipação? In: VI Seminário da Redestrado – Regulação Educacional e Trabalho docente. UERJ – Rio de Janeiro/RJ, 2006.

LIMA, M. A. O mal-estar docente e o trabalho do professor: algumas contribuições da psicanálise. In: PAIVA, E. V. (Org.). Pesquisando a formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2004.

MENDES, Francisco Mário Pereira. Incidência de Burnout em professores das ciências biológicas e da saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Florianópolis, 2002. (Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas) – Universidade Federal de Santa Catarina.

MANCEBO, D. Uma análise da produção escrita sobre o trabalho docente em tempos de globalização. In: MANCEBO, D.; FÁVERO, M. L. DE A. (orgs). Universidade: políticas, avaliação e trabalho docente. São Paulo: Cortez, 2004, p. 235-250.

PERRENOUD, Philippe. La formation des enseignants entre théorie et pratique. Paris: Ed. L Harmattan, 1994.

PIMENTA, Selma Garrido; GHEDIN, Evandro (orgs). Professor Reflexivo no Brasil: gênese e critica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.

PIMENTA, Selma Garrido et al (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 8º. Ed. São Paulo: Cortez, 2012.

NÓVOA, Antonio. (Org.). Profissão professor. 1999. NÓVOA, Antonio. (Org.). Profissão professor. Qual cidade ou país? Editora: Porto, 1999.

ROCHA, Simone Karla. Qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso no setor têxtil. Florianópolis, 1998. Disponível em: < http://www.eps.ufsc.br >. Acesso em: 4 fev. 2009.

SANTOS, Boaventura de Souza. A Universidade no Séc. XXI: Para uma Reforma Democrática e Emancipatória da Universidade. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SEVCENKO, N. O professor como corretor. Folha de São Paulo: São Paulo, 4 jun. 2000, Caderno Mais, p. 6-7.

SGUISSARDI. V; JUNIOR. J. D. R. U. Universidade Pública Brasileira no Século XXI Educação superior orientada para o mercado e intensificação do trabalho docente. Espacios en Blanco. Revista de Educación, n. 23, junio, 2013, Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires Buenos Aires, Argentina. Disponível em: < http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=384539805007 >. Acesso em: 12 out. 2015.

SILVA, M. A. S. Nem déficit, nem superávit na Seguridade Social: Contra-reforma com retenções, renúncias e suplementações orçamentárias.Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Política Social, Universidade de Brasília, 2008, p. 62-63.

TARDIF. M; LESSARD. C. Trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis/RJ: Vozes, 2005.

THOMAZ JR A. (Org). Geografia e trabalho no século XXI. Presidente Prudente – SP: Centelha, 2002.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2016 REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

                                        

 

Creative Commons License

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 Unported License.

 

R. Direitos, Trabalho e Política Social.

Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais.

Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Boa Esperança. Cuiabá-Mato Grosso. Telefone (65) 3615-8000.

CEP: 78.060-900.

 visitas Acessos