ANAMORFOSE E O SUJEITO IMIGRANTE: usos do conceito na compreensão das (de)formações identitárias

Diane Portugueis, Carolina Mirabeli Sanches Leite Cardoso

Resumo


As ideias a serem desenvolvidas baseiam-se no estudo de Juracy Armando Mariano de Almeida (2005) intitulado: “Sobre a anamorfose: identidade e emancipação na velhice”.  Propõe-se relacionar suas proposições com a constituição das identidades de imigrantes, tomando-se a imigração como problemática que decorre no trânsito entre sociedades e que suscita transformações sucessivas, tanto naqueles envolvidos diretamente com o movimento migratório, como também para o entorno social. Almeida propõe uma exploração teórica do uso da noção de anamorfose nos estudos de identidade humana. Realiza para tanto, analogias do modo como esta noção é usada nas artes. A anamorfose é trabalhada pelo autor como lente para o estudo dos fenômenos de dominação e exclusão social que recaem sobre as chamadas minorias sociais- afetando os modos como suas identidades são construídas. (ALMEIDA, 2005, s/p). A anamorfose propõe uma nova proporcionalidade de visão da vida, como uma reiteração de formas de acordo com o olhar do expectador e também do lugar de onde se olha. Supõe um novo olhar da mesma forma que, também, uma deformação deste. Modos de olhar são culturais. Para olhar o mundo, o sujeito deve posicionar-se corretamente (lê-se de acordo com regras e normas sociais) e o papel da anamorfose aqui “está ligado ao modo peculiar de sentir e se relacionar com o mundo, de olhar e de saber.” (FLORES, 2007, p. 134). Nesta perspectiva, sugere-se que o imigrante só tenha existência na sociedade em função do trabalho, ou seja, é concebido ao trabalho de modo indissociado. Aqui, anamorfose clara de seus projetos e de suas identidades. 

 

Palavras-chave


Anamorfose. Identidades. Imigração.

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