SAÚDE COMO DIREITO: APARATOS LEGAIS E ESTRUTURA DA ATENÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL DE MATO GROSSO

Weslen Santana Padilha, Reni Aparecida Barsaglini

Resumo


A saúde é direito constitucional de todo cidadão e foi assumido como política pública, como tal, abrange as pessoas privativa de liberdade. Além de ordenamentos genéricos, esta população conta com aparatos oficiais específicos que carregam valor administrativo e legal com vistas a garantir o referido direito. Entre eles estão os aparatos legais que preconizam a implantação de equipes multiprofissionais de saúde em unidades prisionais. Diante disso, o objetivo do presente texto foi identificar e descrever em quais aparatos legais se ampara e como se configura a atenção à saúde como direito das pessoas privadas de liberdade em Mato Grosso. Teve como fonte privilegiada dos dados, as publicações oficiais de domínio público cuja matéria versa sobre a organização (estrutura e equipe) e normatização da atenção à saúde no Sistema Prisional. Notou-se que a atenção à saúde encontra, de modo geral, avançado aparo jurídico-legal nacional e Mato Grosso vem implementando evidente pela presença de equipes e profissionais de saúde atuantes, embora tenha havido dificuldade de encontrar os documentos pertinentes. No Brasil cada Estado tem autonomia e especificidade para implantação, porém diante das condições iníquas históricas predominantes referentes à população, o direito à saúde não se efetiva nos limites dos muros da prisão.

Palavras-chave


Direito à saúde; Políticas Públicas; Saúde no Sistema Prisional

Texto completo:

PDF EPUB

Referências


BARSAGLINI, R.A; KEHRIG, R.T; ARRUDA, M.B. Análise da percepção de gestores sobre a gestão da política de saúde penitenciária em Mato Grosso, Brasil. Saúde Soc. São Paulo, v. 24, n. 4, p: 1119-1136, 2015.

BARSAGLINI, R.A. Saúde penitenciária: experiência de profissionais atuantes na atenção em unidades prisionais localizadas em Cuiabá/MT e na gestão das ações no nível central. Relatório de pesquisa. 2016. Disponível em http://www.sejudh.mt.gov.br/documents/412021/3721466/RELAT%C3%93RIO+DE+PESQUISA+-+da+Coord.+Prof%C2%AA+Reni+Barsaglini+UFMT.pdf/d9de6f1f-1414-4c7c-a464-3eb0757d464c. Acesso em: 28 maio 2018

BRASIL, Lei 7.210, de 11 de junho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da União. 13 jul 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm

Acesso em: 30 out. 2017.

_____, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990a. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União. 20 set 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. Acesso em: 20 nov. 2017.

_____, Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990b. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União. 31 dez 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm. Acesso em: 22 nov. 2017.

_____, Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 1.777, de 09 de setembro de 2003. Aprova o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, destinado a prover a atenção integral à saúde da população prisional confinada em unidades masculinas e femininas, bem como nas psiquiátricas. Diário Oficial União nº 64, de 4 de abr de 2002, Seção 1, página 40. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/sistemaprisional/leis/2003Portaria1777.pdf. Acesso em: 20 fev. 2018.

______, Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União. 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html. Acesso em: 17 jan. 2018.

_____, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

_____, Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014a. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial União nº 2, de 3 de jan 2014. Seção 1, pág. 18. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/pri0001_02_01_2014.html. Acesso em: 21 jan. 2018.

_____, Portaria nº 305, de 10 de abril de 2014b. Estabelece normas para o cadastramento no SCNES das equipes e serviços que farão parte da Atenção Básica de Saúde Prisional e inclui na tabela de Tipos de Equipes do SCNES, os tipos de Equipe de Saúde no Sistema Prisional (ESP). Diário Oficial da União. 2014. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3258337/mod_resource/

content/1/Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde%20-%20Portaria%20482.pdf. Acesso em: 20 fev. 2018.

_____, Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias Atualização - Junho de 2016. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. 2017.

_____, Decreto 9.360, de 7 de maio de 2018. Aprova as Estruturas Regimentais e os Quadros Demonstrativos dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Justiça e do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, remaneja cargos em comissão e funções de confiança e transforma cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS. Diário Oficial da União. Edição extra. 2018.

CAMPOS, K.B. Pedir é paz: experiência de adoecimento de mulheres com “pressão alta” privadas de liberdade. [Dissertação]. Instituto de Saúde Coletiva. Universidade Federal de Mato Grosso. 2017.

COELHO, H.C; PERDONÁ, G.C; NEVES, F.R; PASSOS, A.D.C. HIV prevalence and risk factors in a Brazilian penitentiary. Cad Saude Publica, v. 23, n. 9, p:2197-2204, 2007.

FERNANDES, L.H; ALVARENGA, C.W; SANTOS, L.L; PAZIN FILHO, A. Necessidade de aprimoramento do atendimento à saúde no sistema carcerário. Rev. Saúde Pública. v. 48, n. 2, p: 275-283, 2014.

FLEURY, S; OUVERNEY, A.M. Política de saúde: uma política social. In: GIOVANELLA, L; ESCOREL, S; LOBATO, L.V.C; NORONHA, J.C; CARVALHO, A.I. (org.). Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro - R. J. Fiocruz, p: 23 – 64, 2008.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GOMES, R. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M.C.S; DESLANDES, S.F; GOMES, R, (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 30ª ed. Petrópolis: Vozes; p:79-108, 2011.

GOMES, N.S; KÖLLING, G; BALBINOT, R.A.A. Violações de direitos humanos no presídio do Roger, no estado da Paraíba. R. Dir. Sanit., São Paulo, v. 16, n. 1, p: 39-58, 2015.

KRIPKA, R.M.L; SCHELLER, M; BONOTTO, D.L. Pesquisa Documental: considerações sobre conceitos e características na Pesquisa Qualitativa. In: Atas CIAIQ2015, v. 02. 2015.

LOPES, V.A. Experiência de profissionais de saúde em unidade prisionais em Cuiabá/MT. [Dissertação]. Instituto de Saúde Coletiva – Universidade Federal de Mato Grosso, 2014.

MATO GROSSO, Lei Complementar nº 413, de 20 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a criação, reestruturação e extinção de órgãos, dá nova redação a dispositivos das Leis Complementares nº 14, de 16 de janeiro de 1992, nº 88, de 13 julho de 2001, nº 230, de 14 de dezembro de 2005 e nº 264, de 28 de dezembro de 2006, que tratam da organização administrativa e do funcionamento da Administração Estadual, e dá outras providências. Diário Oficial. 2010. Disponível em:

______. Relatório de Gestão de Saúde do Sistema Penitenciário de Mato Grosso – 2013. Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. 2013. Disponível em: http://www.sejudh.mt.gov.br/documents/412021/3721466/RELATORIO+DE+GESTO+2013+(finalizado).pdf/0ba556b3-817e-452b-826f-8e054ef8be04. Acesso em: 15 dez. 2017.

______. Decreto nº 702, de 22/9/2016. Dispõe sobre a estrutura organizacional da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos – SEJUDH, a distribuição de cargos em comissão e funções de confiança. IOMAT. 2016. Disponível em: http://www.gestao.mt.gov.br/sdo/decretos/Decreton702de22.09.16-SEJUDH.pdf. Acesso em: 08 jun. 2018.

______. Decreto nº 1.018, de 24 de maio de 2017. Aprova o Regimento Interno da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos - SEJUDH. IOMAT. 2017. Disponível em: http://www.mt.gov.br/documents/412021/2755896/REGIMENTO+INTERNO+ATUALIZADO.pdf/6679054d-b1be-42b1-bd40-9ea7482e4627. Acesso em: 21 fev. 2018.

MELO, M.M.A. Audiência de Custódia e Direitos Humanos: Construindo Alternativas à Cultura do Encarceramento no Brasil. In: 3º Seminário Internacional de Pesquisa em Prisões, Anais impresso. 3º ed, ANDHEP, Recife – Pernambuco, 2017.

MINAYO, M.C.S; CONSTANTINO, P. Deserdados sociais: condições de vida e saúde dos presos do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015.

PADILHA, W.S. Capacitação em saúde no Sistema Prisional: instituição legal e percepções de gestores e profissionais de saúde atuantes em Mato Grosso. [Dissertação]. Instituto de Saúde Coletiva – Universidade Federal de Mato Grosso. 2018.

PEIXOTO, P.A. Manual de Formação em Arquivos Administrativos. s/d. Disponível em: http://www.cmvilareal.pt/arquivo/images/documentos/man_form_arq_admin.pdf. Acesso em: 10 jun. 2018.

REIS, A.R; KIND, L. A saúde de homens presos: promoção da saúde, relações de poder e produção de autonomia. Psicologia em Revista, BH, v. 20, n. 2, p: 212-231, 2014.

RIBEIRO-JÚNIOR, H; LEMOS, C. O discurso da impunidade e o hiper-encarceramento: a atuação do poder judiciário capixaba na manutenção de prisões processuais In: 3º Seminário Internacional de Pesquisa em Prisões, Anais impresso. 3º ed, ANDHEP, Recife/PE, 2017.

SÁ-SILVA, J.R; ALMEIDA, C.D, GUINDANI, J.P. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Rev. Bras. De História E Ciência Sociais. n. 1., p: 1-15, 2009.

SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

SILVA, M. Saúde Penitenciária no Brasil: plano e política. Brasília: Verbena, 2015.

SILVA, M.B.B. Emergência de uma política, extinção de uma coordenação: sobre a gestão da saúde penitenciária no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 7, p: 2021-2030, 2016.

STRAZZA, L; MASSAD, E; AZEVEDO, R.S; CARVALHO, H.B. Estudo de comportamento associado à infecção pelo HIV e HCV em detentas de um presídio de São Paulo, Brasil. Cad Saude Pública, v. 23, n. 1, p:197- 205, 2007.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2018 REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

                                        

 

Creative Commons License

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 Unported License.

 

R. Direitos, Trabalho e Política Social.

Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais.

Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Boa Esperança. Cuiabá-Mato Grosso. Telefone (65) 3615-8000.

CEP: 78.060-900.

 visitas Acessos